Pareceu-me estar perto de casa em um espaçoso pátio, onde estava reunida uma multidão de meninos. Alguns riam, outros brincavam, e muitos xingavam.
Ouvindo aqueles palavrões, atirei-me no meio deles, tentando por meio de socos e gritos acabar com aqueles palavrões.
Nesse instante apareceu um homem de belo porte, admiravelmente vestido, com um manto comprido, e a sua face era tão luminosa que ele não dava para olhá-la. Ele disse-me:
- Joãozinho, não com pancadas, mas com amor, deves conquistar estes meninos e torná-los teus amigos. Começa, pois, a instruí-los sobre a distância que devem ter do pecado e a preciosidade de fazer o bem.
Confuso e assustado, perguntei-lhe:
- Mas, quem é você que me manda fazer coisas impossíveis?
E aquele homem respondeu-me:
- Eu sou o filho d’Aquela que sua mãe o ensinou a saudar três vezes ao dia. As coisas que hoje te parecem impossíveis, você as tornarás possíveis, um dia. Eu mesmo te darei a Mestra que fará de ti um sábio.
De repente, todos os meninos se transformaram em cães, lobos e outros animais.
Surgiu, então, ao meu lado uma mulher muito bela e, tomando-me com bondade pela mão disse-me:
- Não tenhas medo. Tu deverás fazer com meus filhos o que me vês fazer, agora com estes animais.
Naquele instante os animais tinham se transformado em mansos cordeirinhos.
Aquela linda mulher ainda completou dizendo:
- Coragem, Joãozinho, a seu tempo tudo compreenderás!
Após essas palavras, um ruído qualquer me acordou, e tudo desapareceu.
Permaneci admirado. Parecia que minhas mãos doíam devido aos socos que tinha dado e que minha face doía pelos socos recebidos. Aquela personagem, aquela senhora, as coisas ditas e ouvidas, me ocuparam de tal forma a mente que não consegui retomar o sono aquela noite.
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