quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Só o essencial é necessário

“…“Jesus, fitando-o, com amor” (Mc 10,21). Os evangelhos retratam a história de um homem que num dia qualquer avistou Jesus pelo caminho e foi ao seu encontro para tirar a maior dúvida do seu coração, quis saber se estava certo no caminho para a vida eterna. Mas, por que foi atrás de Jesus? O que Jesus mostrava de diferente dos demais mestres de Israel? O evangelho de Marcos, antes dessa passagem, mostra Jesus acompanhado de uma multidão que o seguia. Com certeza, aquele homem ficou incomodado com um mestre diferente seguido por pessoas simples, pessoas pobres, prostitutas e pecadores públicos.

Esse homem era rico, possuía muitos bens. Talvez se apresentasse muito melhor do que todos, como modelo de discípulo perfeito. Mas aquele encontro foi diferente de todos os outros.

Jesus nunca parou na aparência, Ele conseguia algo que ninguém naquelas terras conseguia: olhar no interior da pessoa, encontrar ali o essencial perdido no que era secundário. Jesus olhava o coração porque sabia que a verdade da pessoa está no seu interior, naquilo que ninguém vê porque a própria pessoa esconde por medo de ser rejeitada.

Aquele homem mostrou tudo o que fazia, mas não mostrou quem ele era. As pessoas à sua volta tinham acesso ao que ele mostrava: sabiam de suas riquezas, de suas posses, de sua forma eloquente de orar e de se comportar diante das pessoas. “Porém, quando Jesus disse-lhe “Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu, depois vem e segue-me.” ele não soube dar uma resposta e foi embora, pois sua essência estava tão escondida que nem ele mesmo a podia encontrar.

Jesus não olhava o secundário, a Palavra nos diz que “Jesus fitou nele o olhar”, que o amou. Aquele homem não estava acostumado a ser amado a partir de dentro, a partir de quem ele era, nunca ninguém o olhou assim, por isso, teve medo! Medo de ser descoberto, de verdadeiramente aceitar quem ele era.

Jesus nos ensina duas verdades nesse trecho do evangelho: se eu não tiver coragem de mostrar quem na verdade eu sou, serei frustrado pelo resto da vida; e se eu não souber olhar com amor para as pessoas, elas nunca saberão quem são!

O olhar profundo e sincero tem poder de revelar o outro. E depois de tudo isso, fica somente o essencial que é capaz de aproximar as pessoas e despertar o verdadeiro amor.

As pessoas estão cansadas de máscaras, de fingimentos, de relacionamentos frios e superficiais. O que é fantasioso frustra rápido, temos necessidade de ir além do que se vê. Temos necessidade do essencial! Quando descobrimos isso chegamos à conclusão de que só o essencial é necessário, pois a essência diz do que é mais simples e mais profundo, nela não há falsidade e nem fingimento. Nossos relacionamentos de amizade ou de namoro precisam alcançar essa maturidade do essencial: olhar e enxergar alguém cheio de defeitos e limites, porém alguém que é capaz de amar e se deixar amar.Amizades muito fantasiosas correm o grande risco de um dia desmoronar na decepção, pois temos necessidade de ir além da aparência. Tenho certeza que você já viveu a experiência de amar mais o outro quando este revelou suas fragilidades, seus limites. Confirmamos, portanto o que Cristo nos deu: uma centelha do divino. Pois, assim como nossos pecados são matéria-prima para Deus nos fazer mais santos, assim os limites daqueles que amamos são matéria-prima para amarmos mais e melhor.

Jesus ao encontrar-se com aquele homem do Evangelho nos ensina que, não é preciso muito para amar e conhecer basta realizar o que é necessário: olhar com amor! Não tenha medo de se deixar olhar, não tenha medo de mostrar sua essência, tenho certeza que ela aproximará as pessoas de você. Amizade se constrói com o necessário.
Gevanildo

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