sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Senhor o que queres de mim?

Tem certo tempo em nossa vida que não sabemos se queremos comprar uma bicicleta ou casar, não sabemos se queremos ser médico ou advogado, nem sabemos se queremos suco ou refrigerante… Já se viu nesta situação? Senão, prepara-se, pois é uma crise propícia para nosso amadurecimento enquanto ser humano, nos faz ficar mais firmes e decididos.

No entanto, diante deste conflito esquecemos de algo, uma pergunta bem simples: Senhor o que queres de mim? Diante desta pergunta podemos nos surpreender com a resposta que teremos. Pois, quando temos a coragem de fazer esta pergunta damos a Deus a abertura para nos mostrar sua vontade,seus sonhos e seus desígnios em relação a nós.

Com esta pergunta muitos se surpreenderam com a resposta modificando sua vida eternamente. Alguns descobriram sua vocação ao sacerdócio, a vida religiosa como irmão ou irmã ou até mesmo confirmaram sua vocação ao matrimônio. Chamamos isto de estado de vida. Mas, o que seria isso?

O estado de vida é um dom de Deus, um chamado, uma missão que Ele constitui a nós. É um encontro entre a vontade de Deus e a vontade do homem. Um ato de liberdade em que o ser humano pode dizer sim ou não a Deus.

Vamos aprofundar um pouco mais no assunto. Paguemos Mateus 19:

“E disse: Portanto, deixará o homem pai e mãe, e se unirá a sua mulher, e serão dois numa só carne? Assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem”.Mateus 19:5-6

Aqui Deus chama o homem ao matrimônio a cumprir a palavra crescei e multiplicai-vos que se encontra em Gênesis 1:28. Se na sua vida o desejo de ter alguém com você eternamente for maior, o desejo de ser uma só carne com a pessoa que ama fecundando a vida dela e se entregando inteiramente, sem reservas, você é chamado ao estado de vida matrimônio, portanto, você é vocacionado a dar-se unicamente a esta pessoa amada.

De fato, existem homens impossibilitados de casar-se, porque nasceram assim; outros foram feitos assim por mão humana; outros ainda, por causa do Reino dos Céus se fizeram incapazes do casamento. Quem puder entender, entenda”. Mateus 19; 12

Aqui encontra-se a outra resposta. O chamado ao estado de vida do celibato seja na ordem como sacerdote (leia hebreus 7) ou como celibatário consagrado, freis e freiras. O celibato é um chamado em que eles estão aptos para o casamento, porém, por vontade de Deus primeiramente, eles se consagram inteiramente ao Senhor, por causa do seu Reino. Pois, como nos ensina a Palavra, no Céu não haverá casamentos, mas todos viverão como anjos (Mateus 22:30), portanto, o celibato é uma profecia para a eternidade.
É um chamado de Deus em que você não se dá exclusivamente a uma pessoa, mas a um povo que o Senhor lhe confia. Neles que você fecundará e frutificará. A sua raiz será cheia de vida e seus galhos repletos de folhas e flores.

Vale ressaltar que solteiro não é um estado de vida, pode ser uma decisão sua, mas a Igreja não define como um estado de vida.

No estado de vida damos frutos, fecundamos a vida do outro, seja no matrimônio ou no celibato. É um jardim virtuoso e cheio de vida.

Monsenhor Jonas Abib nos ensina que quando encontramos nosso estado de vida nossa missão será muito mais frutificante. Por isso, pergunte a Deus: O que queres de mim?
Rui Junio dos Santos

sábado, 18 de agosto de 2012

A fé nas redes sociais

Lady Gaga, Justin Bieber, Hianna, Shakira, Coca-Cola, Mac Donald’s são os mais populares no  Facebook? Enganado! Jesus é “O Cara” mais popular na maior rede social do mundo, o Facebook, com mais de 4 milhões de interações na página Jesus Daily (Diário de Jesus), criada pelo médico americano Aaron Tabor.

Para a maior rede social do mundo, o hanking é medido não pela quantidade de ‘curtis’ que uma página tem, mas pela interação que ela realiza com os internautas, ou seja, sua capacidade de influenciá-los. Neste quisito, a página de Jesus tem a incrível marca de 4,981,281 milhões de interações (que corresponde a comentários, compartilhamentos, ‘falar’ e ‘ouvir’ seus fãs).

Para ter uma ideia, o segundo colocado – que também é religioso (Dios Es Bueno) – possui 1,788,648 milhões. A página The Bible (A Bíblia) fica com o terceiro lugar com 1,322,690 milhões de interações.

O que isso significa?

Para muitos, pode parecer apenas números sem sentido, mas em se tratando de um ambiente, no qual, muitas vezes, se sobrepõem a hostilidade à religião, o ranking revela que, no fundo, as pessoas ainda estão com fome e sede de Deus, seja no mundo off-line ou on-line.

Um outro fator é que os cristão estão cada vez mais ativos neste mundo digital. Pense que, somente no Facebook, as páginas sobre religião estão infinitamente acima de páginas de músicas, notícias, esportes ou políticas.

Uma outra pesquisa, realizada em abril de 2004 pelas agências Christian Vision e Premier Christian Media, ambas do Reino Unido, constatou que 84% dos cristãos daquele país disseram que as redes sociais são um enorme campo de missão. Deste número, 73% usam ferramentas como Twitter, Facebook e YouTube para manifestar, de forma intensional, a sua fé.

Os jovens são os mais ativos, nestes meios, e também são os que mais mantêm contato com pessoas não cristãs. 87% deles usam as redes sociais para manifestar a sua fé e 79% deste número acreditam que a melhor forma de evangelizar é por meio dos relacionamentos.

Qual a melhor forma de evangelizar na internet?

“A melhor maneira é não considerar a internet como um instrumento de evangelização, mas sim um ambiente, no qual se vive a própria fé”, diz padre Antônio Spadaro, doutor em teologia pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma e escritor do livro Cyberteology – pensando a fé em tempos de rede.

Para o sacerdote é importante que o cristão seja ele mesmo na rede pelo testemunho. “Não basta postar conteúdo religioso, é preciso que a pessoa testemunhe suas escolhas e seus gostos como um cristão. É a vida que dá testemunho do Evangelho”, conclui o sacerdote.
Daniel Machado

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

A Vocação de Pierre

Pierre é um pássaro. Ele vive na “Floresta das Vocações”. Nesta floresta, cada pássaro, inseto ou animal  tem uma vocação específica.
E desde muito cedo eles descobrem qual é a sua vocação específica.
Porém Pierre, já é um pássaro jovem, e segundo ele, ainda não conseguiu descobrir qual é a sua vocação específica.

- Vovô Pardal, tenho observado os meus amigos, e percebi que cada um deles já descobriu qual é a sua vocação!Veja o Canário Zé, o mês que vem ele vai se casar com a andorinha Teté! E o João-de-Barro, é um arquiteto perfeito, veja só as lindas casas que ele projeta e constrói!
E eu? Qual é a minha vocação?

- Querido netinho Pierre. . . Infelizmente eu não posso lhe dizer qual é a sua vocação! Cabe a você descobrir sozinho! A única coisa que posso fazer por você é apontar caminhos! Mas tenha certeza de uma coisa Pierre: a sua vocação se encontra no seu coração.

. . Após conversar com seu avô, Pierre saiu um pouco feliz, pois seu avô lhe havia dito que ele também possuía uma vocação! Mas também saiu com mais dúvidas ainda: se todos tinham uma vocação, qual era a sua???

Todas as manhãs Pierre gostava de cantarolar em uma pitangueira que ficava em frente a um antigo asilo, próximo da “Floresta das Vocações”. E para os velhinhos daquele asilo o canto de Pierre simbolizava vida, esperança, amor. . . Mas um dia Pierre cansou de cantarolar. . . Os velhinhos daquele asilo começaram a se entristecer e conseqüentemente ficaram doentes.

- Pierre, meu neto querido, porque você não está cantando mais?

- Sabe o que é vovô? Eu desanimei. . . Para que cantar se eu não sei qual é a minha vocação?

- Você se lembra do dia em que eu lhe disse que eu poderia apontar caminhos para que você pudesse por si mesmo descobrir qual era a sua vocação?

- Sim, me lembro! - Pois bem, este momento chegou!

O avô de Pierre o conduziu até a pitangueira que ficava em frente ao asilo, onde todas as manhãs Pierre cantarolava.

- Olhe para estes velhinhos Pierre! Como você os vê?

- Eles estão muito tristes vovô!

- Além de estarem tristes, eles também estão doentes!

- Mas porque vovô?

- Por um simples motivo meu neto querido! Você era o motivo da alegria destas pessoas! Quando você cantava estes velhinhos tinham vida, esperança. . . Você era sinal de que Deus não os havia abandonado! Eles acreditavam na vida, porque você era sinal de vida para eles. . .

- Puxa vovô! Então está é a minha vocação!!! Levar vida, alegria e esperança para as outras pessoas!!!

A partir daquele dia Pierre se tornou o pássaro mais feliz da “Floresta das Vocações”.

- Vovô, muito obrigado por me indicar o caminho!

- Cada um de nós Pierre, já nasce com uma vocação gravada em nosso coração! Mas temos a liberdade de dizer: sim ou não a ela! Mas para que possamos dizer sim ou não é necessário passarmos por várias etapas de amadurecimento: medo, questionamentos, desafios, visão da realidade. . . E hoje você só é feliz porque pode dizer um sim maduro a sua vocação!

domingo, 12 de agosto de 2012

Quarto mandamento: Honrar pai e mãe

Deus estabeleceu a humanidade sobre a família, e colocou os pais como os primeiros educadores dos filhos;  por isso colocou este Mandamento: “Honra teu pai e tua mãe” (Dt 5,16; Mc 7,8).

“Honra teu pai e tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor, teu Deus, te dá” (Ex 20,12). Jesus cumpriu com perfeição este mandamento: “Era-lhes submisso” (Lc 2,51). São Paulo ensinou aos cristãos: “Filhos, obedecei a vossos pais no Senhor, pois isso é justo. “Honra teu pai e tua mãe”; este é o primeiro mandamento acompanhado de promessas: “para seres feliz e teres uma longa vida sobre a terra””(Ef 6,1-3). “Filhos, obedecei em tudo a vossos pais, pois isso é agradável ao Senhor” (Cl 3,20).

O respeito do filho pelos pais se revela pela docilidade e pela obediência: “Meu filho, guarda os preceitos de teu pai, não rejeites a instrução de tua mãe… Quando caminhares, te guiarão; quando descansares, te guardarão; quando despertares, te falarão” (Pr 6,20-22). Ensina a Igreja que “Deus quis que, depois dele, honrássemos nossos pais e os que Ele, para nosso bem, investiu de autoridade”. (Catecismo, §2248) Fazendo eco a essas palavras o Papa João Paulo II, disse na Carta às Famílias: “a mãe”, porque eles são para ti, em determinado sentido, os representantes do Senhor, aqueles que te deram a vida, que te introduziram na existência: numa estirpe, numa nação, numa cultura. Depois de Deus são eles os teus primeiros benfeitores…. E por isso: honra os teus pais! Há aqui uma certa analogia com o culto devido a Deus” (CF, 15).

Um aspecto importante na educação dos filhos é a “Bênção dos pais”. Diz o livro do Eclesiástico: “Honra teu pai por teus atos, tuas palavras, tua paciência a fim de que ele te dê a sua bênção”. Honrar é uma expressão muito forte, quer dizer “encher de honra”, de glória, de respeito … e tudo isto deve ser feito “por teus atos e tuas palavras”. “… afim de que ele te dê a sua benção e que esta permaneça em ti até o teu último dia” (Eclo 3, 9- 10).

A benção dos pais para os filhos não é mera formalidade social ou tradicional; mas é a benção do próprio Deus para os filhos “através” dos pais, por meio daqueles que lhe deram a vida.
Prof. Felipe Aquino

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Sonho de Dom Bosco aos 9 anos

Pareceu-me estar perto de casa em um espaçoso pátio, onde estava reunida uma multidão de meninos. Alguns riam, outros brincavam, e muitos xingavam. 

Ouvindo aqueles palavrões, atirei-me no meio deles, tentando por meio de socos e gritos acabar com aqueles palavrões. 

Nesse instante apareceu um homem de belo porte, admiravelmente vestido, com um manto comprido, e a sua face era tão luminosa que ele não dava para olhá-la. Ele disse-me: 

- Joãozinho, não com pancadas, mas com amor, deves conquistar estes meninos e torná-los teus amigos. Começa, pois, a instruí-los sobre a distância que devem ter do pecado e a preciosidade de fazer o bem. 

Confuso e assustado, perguntei-lhe: 

- Mas, quem é você que me manda fazer coisas impossíveis? 

E aquele homem respondeu-me: 

- Eu sou o filho d’Aquela que sua mãe o ensinou a saudar três vezes ao dia. As coisas que hoje te parecem impossíveis, você as tornarás possíveis, um dia. Eu mesmo te darei a Mestra que fará de ti um sábio. 

De repente, todos os meninos se transformaram em cães, lobos e outros animais. 

Surgiu, então, ao meu lado uma mulher muito bela e, tomando-me com bondade pela mão disse-me: 

- Não tenhas medo. Tu deverás fazer com meus filhos o que me vês fazer, agora com estes animais. 

Naquele instante os animais tinham se transformado em mansos cordeirinhos. 

Aquela linda mulher ainda completou dizendo:

- Coragem, Joãozinho, a seu tempo tudo compreenderás!

Após essas palavras, um ruído qualquer me acordou, e tudo desapareceu.

Permaneci admirado. Parecia que minhas mãos doíam devido aos socos que tinha dado e que minha face doía pelos socos recebidos. Aquela personagem, aquela senhora, as coisas ditas e ouvidas, me ocuparam de tal forma a mente que não consegui retomar o sono aquela noite.

sábado, 4 de agosto de 2012

Dia do Padre

Chamado para ser um servo de Deus, 
um sacerdote, 
um pai.

O Dia do Padre é celebrado oficialmente em 4 de agosto, data da festa de São João Maria Vianney, desde 1929, quando o Papa Pio XI o proclamou "homem extraordinário e todo apostólico, padroeiro celeste de todos os párocos de Roma e do mundo católico".

Padroeiro é o representante de uma categoria de pessoas, cuja vida e santidade comprovadas estimulam a uma vida de fé em comunhão com a vontade de Deus. Tendo em vista essa explicação, vamos entender por que a Igreja o escolheu como exemplo a ser seguido pelos sacerdotes, na condução de seus rebanhos.

Esse santo homem nasceu na França, no ano de 1786, e depois de passar por muitas dificuldades, por conta das poucas habilidades, foi ordenado sacerdote. Mas o bispo que o ordenou acreditou que o seu ministério não seria o do confessionário, entendendo que sua capacidade intelectual seria muito limitada para dar conselhos.

Então, ele foi enviado para a pequenina Ars, no interior da França, como auxiliar do padre Balley, o mesmo que vislumbrou, por santa inspiração, seu dom de vocação, e por confiar nele o preparou para o sacerdócio. E esse pároco, outra vez inspirado, acreditou que o dom dele [São João Maria Vianney] era justamente o do conselho e o colocou servindo no confessionário.

Assim, padre João Maria Vianney, homem justo, bom, extremado penitente e caridoso, converteu e uniu toda Ars. Amado e respeitado por todos os fiéis e pelo clero da Igreja, sua fama de conselheiro correu por todo o mundo cristão. Assim, ele se tornou um dos mais famosos confessores da história da Igreja. Conhecido também como “Cura d’Ars”, mais tarde, foi o pároco da cidade, onde morreu em 1858, sendo canonizado em 1925.

Sem dúvida, São João Maria Vianney é o melhor exemplo das palavras profetizadas pelo apóstolo Paulo: "Deus escolheu os insignificantes para confundir os grandes". Ser padre é isso, exatamente a vida inteirinha do seu padroeiro.

Ele entende o chamado para ser um servo de Deus, um sacerdote, um "pai" (padre) à semelhança de Cristo, que amou e deu a vida ao povo pobre, simples e marginalizado. Nunca hesita. Tudo aceita, confia e acredita em Deus e na sua Providência, e caminha seguro para missão que lhe é designada.

A vida simples e a simplicidade dos ensinamentos Jesus Cristo são o fundamento do seu ministério, único parâmetro e exemplo a seguir. A sua tarefa é continuar a missão de Jesus Cristo, o único e eterno Sacerdote. É o padre, que através do Evangelho, leva os homens a Deus, pela conversão da fé em Cristo. Por isso, são pessoas que nascem com esse dom e, logo cedo ou no momento oportuno, ouvem o chamado de Deus para se consagrarem a servir à comunidade, nos assuntos que se referem a Ele.

Ser padre é ser "pai" de uma comunidade inteira. Como tal, é o homem da Palavra de Deus, da Eucaristia, do perdão e da bênção, exemplo de humildade, penitência e tolerância; o pregador e conversor da fé cristã. Enfim, um comunicador e entusiasta da Igreja, que luta por uma vivência cristã mais perfeita. Dessa Igreja missionária, que não sobreviveria sem o sacerdote, como indicou o próprio Jesus Cristo, seu fundador pela Paixão por nós.

Sua missão é construir comunidades, entender a alma humana e perdoar os pecados, evangelizar, unir e alimentar a comunidade pela Eucaristia. Entendem, como diz Lucas 21, 15: "Eu vos darei eloqüência e sabedoria, às quais nenhum de vossos adversários poderá resistir nem contradizer" , e são verdadeiras testemunhas da fé, por sua oração, sacrifício e coragem cristã.
Dom Demétrio Valentini
Bispo Diocesano de Jales (SP)

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Só o essencial é necessário

“…“Jesus, fitando-o, com amor” (Mc 10,21). Os evangelhos retratam a história de um homem que num dia qualquer avistou Jesus pelo caminho e foi ao seu encontro para tirar a maior dúvida do seu coração, quis saber se estava certo no caminho para a vida eterna. Mas, por que foi atrás de Jesus? O que Jesus mostrava de diferente dos demais mestres de Israel? O evangelho de Marcos, antes dessa passagem, mostra Jesus acompanhado de uma multidão que o seguia. Com certeza, aquele homem ficou incomodado com um mestre diferente seguido por pessoas simples, pessoas pobres, prostitutas e pecadores públicos.

Esse homem era rico, possuía muitos bens. Talvez se apresentasse muito melhor do que todos, como modelo de discípulo perfeito. Mas aquele encontro foi diferente de todos os outros.

Jesus nunca parou na aparência, Ele conseguia algo que ninguém naquelas terras conseguia: olhar no interior da pessoa, encontrar ali o essencial perdido no que era secundário. Jesus olhava o coração porque sabia que a verdade da pessoa está no seu interior, naquilo que ninguém vê porque a própria pessoa esconde por medo de ser rejeitada.

Aquele homem mostrou tudo o que fazia, mas não mostrou quem ele era. As pessoas à sua volta tinham acesso ao que ele mostrava: sabiam de suas riquezas, de suas posses, de sua forma eloquente de orar e de se comportar diante das pessoas. “Porém, quando Jesus disse-lhe “Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu, depois vem e segue-me.” ele não soube dar uma resposta e foi embora, pois sua essência estava tão escondida que nem ele mesmo a podia encontrar.

Jesus não olhava o secundário, a Palavra nos diz que “Jesus fitou nele o olhar”, que o amou. Aquele homem não estava acostumado a ser amado a partir de dentro, a partir de quem ele era, nunca ninguém o olhou assim, por isso, teve medo! Medo de ser descoberto, de verdadeiramente aceitar quem ele era.

Jesus nos ensina duas verdades nesse trecho do evangelho: se eu não tiver coragem de mostrar quem na verdade eu sou, serei frustrado pelo resto da vida; e se eu não souber olhar com amor para as pessoas, elas nunca saberão quem são!

O olhar profundo e sincero tem poder de revelar o outro. E depois de tudo isso, fica somente o essencial que é capaz de aproximar as pessoas e despertar o verdadeiro amor.

As pessoas estão cansadas de máscaras, de fingimentos, de relacionamentos frios e superficiais. O que é fantasioso frustra rápido, temos necessidade de ir além do que se vê. Temos necessidade do essencial! Quando descobrimos isso chegamos à conclusão de que só o essencial é necessário, pois a essência diz do que é mais simples e mais profundo, nela não há falsidade e nem fingimento. Nossos relacionamentos de amizade ou de namoro precisam alcançar essa maturidade do essencial: olhar e enxergar alguém cheio de defeitos e limites, porém alguém que é capaz de amar e se deixar amar.Amizades muito fantasiosas correm o grande risco de um dia desmoronar na decepção, pois temos necessidade de ir além da aparência. Tenho certeza que você já viveu a experiência de amar mais o outro quando este revelou suas fragilidades, seus limites. Confirmamos, portanto o que Cristo nos deu: uma centelha do divino. Pois, assim como nossos pecados são matéria-prima para Deus nos fazer mais santos, assim os limites daqueles que amamos são matéria-prima para amarmos mais e melhor.

Jesus ao encontrar-se com aquele homem do Evangelho nos ensina que, não é preciso muito para amar e conhecer basta realizar o que é necessário: olhar com amor! Não tenha medo de se deixar olhar, não tenha medo de mostrar sua essência, tenho certeza que ela aproximará as pessoas de você. Amizade se constrói com o necessário.
Gevanildo